Por James Davidson
O Rio Duas Unas é o principal afluente do Rio Jaboatão e tem sua confluência com este exatamente na Antiga sede da cidade. Tem grande importância para a história e a geografia do município, pois foi na sua confluência com o Rio Jaboatão que nasceu a cidade de Jaboatão. A abundância de água na localidade favoreceu o desenvolvimento do povoado. Além disso, o Rio Duas Unas é uma das principais fontes de abastecimento da Região Metropolitana do Recife, pois possui uma das mais importantes represas de abastecimento, que é a Represa de Duas Unas.
O rio Duas Unas nasce no Engenho Serraria, nas proximidades de Bonança, em Moreno. Aí, serve de limite entre Moreno e São Lourenço da Mata até entrar em Jaboatão. O Rio passa pela Usina NS Auxiliadora e pelos engenhos Fortaleza, Sapucaia, Una e Pocinho, em Moreno, até despejar na Represa de Duas Unas. Um detalhe muito importante: o Rio Duas Unas pertence a Bacia do Jaboatão e não do Rio Capibaribe, como citam algumas referências. O engodo ocorre porque existe um outro rio de nome Várzea do Una que despeja no Tapacurá, afluente do Capibaribe. Decidimos começar nosso passeio pela foz no Rio Jaboatão e não na nascente, que faremos outro dia. Nosso percurso foi até a represa de Duas Unas.
No encontro com o Rio Jaboatão, percebemos o estado degradado em que se encontra o rio. As águas negras contrastam com as águas barrentas do Rio jaboatão. Mais a montante entenderemos o porquê. Percebe-se o alto grau de poluição e degradação ambiental sofrido pelo Rio! O Rio Jaboatão começa a ter águas escuras ao encontrar-se com o Rio Duas Unas.
Subindo mais um pouco, ainda no Centro da cidade, encontramos um verdadeiro crime contra a natureza e contra a população ribeirinha! Catadores de metal estão escavando indiscriminadamente as margens do rio, ao lado das oficinas da rede ferroviária, retirando a mata ciliar que protege o rio e assoreando a margem direita, desviando o talvegue do mesmo e causando o desmoronamento da Rua Samuel Campelo. É bem no Centro da cidade, mas onde estão as autoridades para punir os infratores. A CPRH compareceu ao local, mas nada foi feito, pois a atividade ilegal continua. As áreas à margem dos rios são protegidas por lei federal, mas os agressores estão impunes! O que será da população quando vierem as enchentes, já que o rio está sendo assoreado?
Durante todo o percurso urbano do rio, passando pelos bairros do Centro, Santo Aleixo e Vista Alegre(Malvinas), encontramos vários impactos ambientais que prejudicam o meio ambiente aquático. Entre estes podemos citar o despejo de resíduos urbanos como lixo e esgoto, a ocupação irregular das margens, a retirada da mata ciliar, etc. Mas, as atividades que são as principais responsáveis pela degradação do Rio Duas Unas é a industrial, verificada no Bairro de Duas Unas pela ação do Conjunto Industrial Multifabril de Jaboatão, responsável pelo despejo de produtos industrias nas águas. É a partir do trecho próximo desse conjunto industrial que o Rio Duas Unas começa a ficar com as águas escuras, pretas!
Subindo mais adiante o rio, a qualidade da água já começa a melhorar, embora sabemos que não por completo, por causa da presença dos canaviais que, com a retirada da mata ciliar e com as chuvas, acabam permitindo que os produtos da ferti-irrigação das canas escoem para o rio. Apesar disso, é chocante comparar o aspecto do rio nesse trecho com o anterior, pois percebe-se uma mudança radical no estado do rio e para melhor!
Até a Represa de Duas Unas predominam os canaviais e, por aqui, terminamos nosso passeio com a conclusão de que o Rio Duas Unas, em um trecho de poucos quilômetros, sofre impactos que modificam por completo sua fisionomia. Os esgotos urbanos e industriais, a ocupação irregular das margens, a retirada da mata ciliar, a ferti-irrigação e a exploração ilegal das mesmas são os impactos ambientais encontrados em um rio que faz parte da nossa história e da nossa cultura.
Um comentário:
Parabéns pelo site, fiquei muito surpreso ao encontrar fotos da minha infância, lugares tão especiais para mim que há muito tempo não via.
Valeu mesmo!
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