sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Instituto Histórico cria Biblioteca Viva

Por Idalice Laurentino



A Secretaria de Cultura, através da Coordenadoria de Patrimônio Histórico, apóia e parabeniza a implantação da Biblioteca Viva em Jaboatão dos Guararapes, pioneira no Nordeste. É mérito para o povo jaboatonense contar com um projeto cultural tão ousado, pois é das veias dos seus artistas populares e intelectuais que jorram os mais reais e peculiares fatos históricos.


O Instituto Histórico parte na dianteira, instalando em suas dependências a Biblioteca Viva escritor Heleno Veríssimo.

O projeto da Biblioteca Viva nasceu na Dinamarca no ano 2000 e espalhou-se na Europa e chegou ao Brasil através da PUC – Pontifícia Universidade católica de São Paulo.

No Nordeste, a Biblioteca Viva do Instituto Histórico de Jaboatão, pelo que foi possível saber, é sem dúvida a pioneira e conta no momento com 12 livros vivos tratando cada um deles da história do povo de Jaboatão e, desta forma, a oralidade do povo será repassada aos leitores ouvintes dentro de um padrão alta fidelidade.

Visite o IHJ conheça os seguintes livros e os respectivos narradores das histórias:



1- Rede Ferroviária do Nordeste......................Evaldo de Oliveira

2- Os Festejos de Santo Antônio..........................Zuleick Araújo

3- A História do Engenho São Bartolomeu...............Eulina Monteiro

4- A História do Clube Jaboatonense....................Maria do Carmo

5- Conheça a Vila Rica em sua intimidade................Virgínia Matos

6- A História das Praias de Jaboatão........................Adiuza Belo

7- 1° Grito de República........................................Adiuza Belo

8- Muribeca ontem, hoje e sempre.......................... Adiuza Belo

9- Amélia Brandão...............................................Adiuza Belo

10- José Gomes.................................................Adiuza Belo

11- O Rio Jaboatão..............................................Adiuza Belo

12- Francisca Isidora Vida e Poesia...........................Adiuza Belo


Entre estes livros podemos encontrar depoimentos de histórias de vida tais como: discriminações, experiências vividas por deficientes, idosos, por egressos nos casos de saúde, presidiários, viciados, alcoólatras, mulheres ocupando funções masculinas, por animadores culturais, por praticantes das mais diversas formas de religião, entre outros.

Ao homenagear o nosso associado Heleno Veríssimo, estamos prestando uma justa homenagem aquele sociólogo que deixou o conforto da praia de Boa Viagem para residir no Engenho São Bartolomeu onde fundou uma biblioteca e trouxe escritores para conhecer a vida rural. Viajando para a Suíça, ele conseguiu através de uma ONG fundos para erguer em Muribeca uma creche que cuidava das crianças, enquanto seus pais labutavam no lixão. Autor de dois livros e poliglota (falando 5 idiomas), convivia pacificamente com os pássaros e sagüis que alimentava com prazer.

Heleno Veríssimo foi o criador do Festival da Manga e dos jogos de Cavalhada e Argolinha no Engenho São Bartolomeu (Comportas) que divertia os da terra e os de fora que para lá se dirigiam.

As consultas a estes livros serão previamente agendadas pelo telefone 3481-5794, de segunda à sexta-feira no horário comercial.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Jaboatão dos tempos antigos

Por James Davidson

Jaboatão Centro (Regional 1) foi durante muito tempo um dos locais com maior intensidade cultural do município. A época do Padre Chromácio Leão e sua banda, das retretas e serenatas, do Antigo Teatro Municipal, dos operários da Rede Ferroviária do Nordeste, das festas de família, dos saraus e recitais de poesias, das pianistas e de grupos verdadeiramente folclóricos ainda deixa saudades nos moradores mais antigos que por aqui viveram. Com a falência da Rede Ferroviária e a consequente mudança de sede, Jaboatão Centro perdeu muito. Mais ainda com o desastre dos 12 anos de desgovernos de Nilton Carneiro e Rodovalho que resultaram no fechamento e destruição de muitos edifícios importantes para a cidade como a Maternidade Rita Barradas, a Escola Técnica , o Cine-teatro Samuel Campelo, entre outros. Agora estamos todos juntos para tentar recuperar tudo aquilo que foi perdido e que nos foi roubado. Com a recuperação da Escola Técnica, do Cine-teatro Samuel Campelo e com a ordenação do trânsito na localidade, estaremos dando os primeiros passos para essa realidade começar a mudar. Por isso, para tentar matar as saudades daqueles que conheceram o Jaboatão dos Tempos Antigos fiz esta postagem:




Jaboatão dos tempos antigos
O que fizeram contigo?
Que fizeram com a cidade
Tão feliz e animada?


Que fizeram da memória
Daqueles belos tempos
Quando vida em ti havia
Oh quão belos sentimentos!

Onde estão as tuas bandas
Tão bonitas e ordenadas?
Com clarins e serenatas
Multidões movimentavam.


Onde estão os teus cinemas?
Teus teatros tão amados?
Que traziam alegrias
Teus artistas revelavam.


Não se ouvem as serenatas
Nem saraus ou pianistas
Recitais de poesias
Ao final do entardecer.

Onde estão os teus artistas?
Os teus músicos e poetas?
Que com Brandão, a Tia Amélia
Animavam o anoitecer?


Jaboatão dos tempos antigos
O que fizeram contigo?
Por que hoje está mudado?
Que fizeste ao teu passado?

Onde estão aqueles grupos
Tão felizes e animados?
Pastoris e caboclinhos
Mamulengos e papangús?


Que fizeram da memória
Daqueles prédios antigos
Imponentes e bonitos
Hoje todos destruídos?


Que fizeram do Relógio
Daquele prédio histórico?
Um ícone da cidade
Dele só restam saudades.

Onde estão os operários
Da Antiga Rede Ferroviária?
Hoje tão abandonada
Com suas vilas e suas casas?


Não se ouve mais o apito
Que tocava todas as manhãs
Não há mais trens e nem vagões
E o que fizeram com a Estação?


Jaboatão dos tempos passados
Por que estás abandonado?
Por que estás tão esquecido?
Na tristeza e solidão?

Que fizeram das tuas ruas
Antes belas e alinhadas
Tão antigas e preservadas
Hoje todas alteradas?


Que fizeram com tua história
Tão rica e tão bonita?
Tão ousada e tão heróica
Mas porém tão esquecida?

Que fizeram com a cidade
Que já foi rica e animada
Viva e movimentada
Hoje tão abandonada?



Que fizeram com a cidade
Tão feliz e cultural
Hoje triste e esquecida
Quase morta e destruída?


Jaboatão dos tempos antigos
O que fizeram contigo?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Leão de Guararapes


Eu sou Jaboatonense!
Sou Filho de Guararapes!
Onde nasceu o Brasil
Onde surgiu a nação!

Sou Leão pernambucano
Que expulsou o invasor
Que no Brasil implantou
O sentimento nacional!

Eu sou Jaboatonense!
Sou filho de Guararapes!
Que com flechas e tacapes
Expulsou o holandês!

Sou Leão Jaboatonense!
Sou da terra de heróis
Que com sangue e com suor
Lutaram pela nação!

Sou Leão de Guararapes!
Eu sou de Jaboatão!
Esta terra de coragem
Pela pátria integração!

Eu sou Jaboatonense!
Sou filho de Guararapes!
Minha terra, meu orgulho!
Pela pátria integridade!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Matriz da Luz - Vizinha Histórica de Jaboatão




O povoado de Matriz da Luz, ou Nossa Senhora da Luz, é o 2° distrito do município de São Lourenço da Mata e situa-se a alguns quilômetros a oeste do centro dessa cidade. Localizado em uma colina que serve de divisor de águas entre as bacias do Rio Capibaribe e do Rio Jaboatão, o povoado de Matriz da Luz é cercado por antigos engenhos de cana-de-açúcar e canaviais, o que dá um ar bucólico ao local. Seu nome deve-se a igreja principal do povoado que está sob a invocação dessa santa.


Segundo o historiador Pereira da Costa, a Igreja de Nossa Senhora da Luz, erguida inicialmente como capela, já existia em 1540 como consta de um documento de demarcação de terras. Sendo assim, levando em consideração as igrejas que ainda estão de pé, ela seria uma das mais antigas de Pernambuco e do Brasil. A povoação cresceu em torna da capela e, segundo documentos do período holandês, ela era conhecida como Povoação da Muribara e, assim como em toda região vizinha, era muito rica em pau-brasil. Hoje, além da Igreja de Matriz da Luz, o povoado conta com a Igreja de Nossa senhora dos Homens Pretos, de data posterior.



A Igreja de Matriz da Luz sofreu várias ampliações e modificações ao longo do tempo. Por isso, é possível constatar nela elementos arquitetônicos típicos de vários períodos, sendo difícil situá-la em um estilo único. Porém, percebemos elementos clássicos em sua fachada. Seu interior é simples e, segundo informações fornecidas pelo responsável pela igreja, alguns elementos originais foram retirados. Apesar disso, há ainda uma pia batismal e seteiras, na parte posterior da igreja, o que indica uma função secundária de "forte". Ainda segundo informações fornecidas, na última reforma foram encontrados esqueletos dentro de uma das paredes que provavelmente eram de pessoas importantes da região. Sua torre sineira fica no lado esquerdo.


No outro extremo do largo principal do povoado encontra-se a pequena Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Pertencente à irmandade dos pretos, provavelmente foi construída por estes para a realização de seu cultos. Ela é muito simples, tendo passado por uma restauração no ano de 2007. Seu interior é modesto com altar-mor e teto sustentado por tesouras de madeira.



No entorno do povoado, encontram-se ainda vários engenhos como o Tapacurá (tombado a nível estadual), o Curupaity, Pixaó, São José, Colégio, Muribara, entre outros. Alguns destes possuem ainda suas casas-grandes e outros componente típicos de um engenho. Mas devido a nossas limitações não pudemos visitá-los. A Igreja de Matriz da Luz é tombada pela FUNDARPE e seu entorno já sofreu alterações não previstas, como a edificação de mais de um pavimentos nas casas e alterações nas fachadas. Poucas são as casas que conservam suas características originais no povoado.


No século XIX, o governo do estado decidiu criar uma estrada ligando Jaboatão ao Povoado de Matriz da Luz. Era por essa estrada, conhecida como Estrada da Luz, que seguiam as romarias rumo às festividades religiosas partindo de Jaboatão. Hoje, este caminho existe apenas parcialmente, pois parte dele foi inundado com a construção da represa de Duas Unas. No Instituto Histórico de Jaboatão há algumas escrituras antigas de transações envolvendo alguns engenhos da área de influência de Matriz da Luz. Assim, Matriz da Luz, além de ser uma vizinha próxima e interessante de Jaboatão, também faz parte da nossa história.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A questão do patrimônio histórico em Jaboatão

Por James Davidson

Jaboatão dos Guararapes é uma cidade que possui um rico patrimônio histórico que ainda é pouco conhecido pela sua população e que carece muito de proteção legal por parte do governo. Muitos são os edifícios que vem sendo destruídos pelo descaso de seus proprietários e pela falta de uma legislação (ou de sua aplicação) de proteção para alguns bens. Este é mais um dos graves problemas enfrentados por nossa cidade!


Jaboatão possui apenas 4 bens tombados a nível nacional pelo IPHAN: Os Montes Guararapes, A Igreja dos Prazeres, o Convento e a Igreja de Piedade. A nível estadual Jaboatão possui como bens tombados pela FUNDARPE: a Capela do Loreto, o Engenho Suassuna e o Povoado de Muribeca dos Guararapes. Sobre o tombamento a nível municipal vamos explicar com mais detalhes a questão.



Em 1978, a FIDEM desenvolveu o Plano de Preservação de Sítios Históricos da Região Metropolitana do Recife onde foram escolhidos alguns conjuntos e edifícios históricos da RMR para tombamento estadual e alguns outros ficaram indicados para futuras propostas. Em Jaboatão, o povoado de Muribeca foi um dos escolhidos para tombamento, enquanto outros sítios foram apenas delimitados e indicados como bens de interesse cultural, como o Conjunto de Jaboatão Centro e as Oficinas e Vilas Operárias Ferroviárias de Jaboatão Centro. O Engenho Suassuna foi analisado mas, infelizmente e imprudentemente, descartado do processo.



Posteriormente, baseando-se no mesmo estudo efetuado pela FIDEM, a Prefeitura Municipal do Jaboatão decidiu criar as áreas especiais de interesse cultural - AEPC - onde foram protegidas o Conjunto de Jaboatão Centro (que incluía as igrejas de Santo Amaro e do Livramento, com o casario ao redor) e o Conjunto das Oficinas e Vilas Ferroviárias. Esta proteção oferecia vantagens a quem mantivesse os edifícios preservados, como isenção de IPTU por um certo tempo e punia os transgressores que modificassem e descaracterizassem os edifícios.


Com a criação da Fundação Yapoatam, em 1996, durante a administração do prefeito Humberto Barradas, foi criado o cadastro de bens culturais de Jaboatão dos Guararapes onde alguns edifícios e sítios históricos foram listados e catalogados. Apesar de incompleto (mais da metade do número de bens ficaram de fora) e de muitos erros nas informações históricas, foi uma importante iniciativa no sentido de divulgar e incentivar o conhecimento a respeito do nosso município. Inclusive, foi o livro que primeiro despertou em mim o interesse pelas coisas de Jaboatão dos Guararapes.


Mas as poucas atitudes no sentido de proteger o nosso patrimônio histórico logo foram anuladas pelas "desadministrações" que seguiram à administração de Humberto Barradas. Se durante as gestões de Nilton Carneiro e Rodovalho nem a saúde, coleta de lixo e educação funcionavam, quanto mais as referentes ao nosso patrimônio histórico!


Com isso, as leis que existiam foram completamente ignoradas e não evoluíram. A Fundação Yapoatam foi completamente afundada e envolvida em denúncias de corrupção e acabou sendo extinta. Enquanto isso, as pessoas e a própria prefeitura não respeitaram o nosso patrimônio histórico. Muitas casas em Jaboatão Centro e em Muribeca foram descaracterizadas, prédios belos e imponentes como "a Senzala", a Antiga Coletedoria Estadual, o Bar Redondo e o Padre Chromácio Leão foram destruídos, a estação e as oficinas ferroviárias ficaram abandonadas, o Engenho Suassuna foi saqueado e os demais edifícios de valor histórico continuaram esquecidos!



Hoje, apesar do surgimento da sede do Instituto Histórico de Jaboatão e da recuperação do Edifício Leão Coroado e da Casa da Cultura, a situação não melhorou muito. A casa onde viveu a pianista Amélia Brandão, por exemplo, continua sendo descaracterizada e aos poucos vai sendo destruída. O Engenho Suassuna continua em ruínas e outros edifícios históricos estão na mesma situação! Temos esperanças que a nova gestão, que já se dispôs em apoiar o Instituto Histórico de Jaboatão em suas atividades de manutenção, atenda as nossas reivindicações. O município precisa urgentemente resgatar e atualizar a legislação existente para que nossa história não se perca completamente!

A origem do nome Jaboatão

Por James Davidson

Mais um tema polêmico. Qual a origem do nome Jaboatão? Existem várias teorias para explicar esta questão. Vejamos quais são:
Para Teodoro Sampaio, a palavra  Jaboatão vem de "Yauapoatã" que significa mão rija de onça. Para Garcia Rodrigues Jaboatão vem de Yapoatam que seria uma árvore cujo caule era usado para fazer mastros de navio, enquanto para o bispo Dom Raimundo da Silva Brito Jaboatão vem de Yaboaty-atam que significa "andar como cágado".
Analisando a questão, percebe-se que é realmente um assunto muito complicado, principalmente quando se não é especialista em tupi arcaico, mas é possível tirar algumas conclusões através de uma pesquisa histórica.
 A versão mais aceita atualmente é a defendida pelo jornalista Mário Melo - YAPOATAM - quando este realizou um relatório a pedido do Prefeito Brandão Cavalcanti, durante a década de 50. Segundo ele, "era a versão consagrada pelo povo e por isso a mais verdadeira" e por isso foi adotada como sendo a oficial. O interessante é que, no mesmo relatório, ele afirma que "não foi possível encontrar a árvore nem seu desenho com a população".
 Orlando Breno, em seu famoso livro "Jaboatão sua terra sua gente"e seguindo um raciocínio brilhante, defende a idéia de que a teoria correta seria a de D.Raimundo da Silva Brito - YAPOTY-ATAM - e, para isso, ele desenvolve os seguintes questionamentos: Foi o rio que deu nome à cidade ou a cidade que deu nome ao rio? Ora, nas primeiras cartas de sesmarias, datadas da década de 1560, aparece a expressão "Ribeira do Jaboatão" indicando que o rio já se chamava assim antes mesmo dos primeiros engenhos surgirem. Logo foi o rio que deu nome à cidade e não a cidade que deu nome ao rio. Onde está a tão falada árvore chamada de YAPOATAM? Como a cidade poderia receber o nome de uma árvore que ninguém conhece? Pesquisei em vários autores antigos procurando alguma referência que pudesse comprovar a tese da bendita árvore, mas ninguém fala nada sobre ela. Pesquisei em Frei Vicente Salvador, Fernão Gardim, Hans Standen, Frei Jaboatão, Frei Manuel Calado, Gabriel Soares de Souza, nos Diálogos das grandezas do Brasil, em relatórios e livros do período duartino e holandês e nada encontrei. Mesmo havendo vários catálogos de espécies nativas nesses volumes, não foi possível encontrar a tal árvore chamada Yapoatam. Como ela era usada para fazer mastros se ninguém comprova que ela existiu? Será que alguém hoje poderia mostrar um exemplar se quer dessa tão falada árvore? Se ela realmente existe, qual é o seu nome científico?

A versão que parece ser a mais lógica é a defendida pelo Bispo Dom Raimundo Brito. O primeiro autor a falar sobre Jaboatão, Samuel Campelo, defende essa teoria. Sebastião Galvão, no seu famoso dicionário histórico, também defende o mesmo. Todos os moradores antigos também confirmam a versão que o nome Jaboatão faz referência aos cágados que existiam no Rio Jaboatão. Ainda hoje é possível enxergar alguns desses cágados tomando banho de sol nas águas do Duas Unas. Assim, a palavra Jaboatão parece significar mesmo "andar como cágado", como defende o bispo e não Yapoatam, como defendem alguns.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ser ou não ser jaboatonense III

Por James Davidson

Voltando a questão do adjetivo pátrio de Jaboatão, quando muitos querem que nos chamemos jaboatanenses ou jaboatãozenses, volto a dizer que a forma correta é a consagrada pelo povo e presente no Hino Municipal: Jaboatonense!

Há quem diga, porém, que como a palavra Jaboatão termina "ão" o termo correto seria jaboatanense pois, teoricamente, a palavra deveria ser "fiel" ao seu termo de origem. Contudo, na prática não é assim. Todo mundo sabe que quem nasce no Rio Grande do Norte é potiguar, no do Sul gaúcho, em Salvador soteropolitano, no Espírito Santo capixaba e por aí vai. Ninguém questiona a exatidão destes termos, embora os mesmos não tenham nada a ver com os nomes de seus estados. Logo, não é preciso que um adjetivo pátrio seja exatamente "fiel" ao nome do local de origem.

Outra questão interessante a observar é que nem sempre quando o nome do local termina e "ão" o adjetivo pátrio correspondente tem o sufixo iniciado em "A". Exemplos: Matão -SP - matonense, São Simão -GO - simonense, Gabão - gabonense, Cantão - cantonês, Japão - japonês. Logo, por que quem nasce em Jaboatão não pode ser jaboatonense?

Casa da Cultura - Antigo Mercado Público de Jaboatão

Por James Davidson



A feira da cidade de jaboatão, no início do século XX, era realizada no início da atual Praça NS do Rosário, em frente ao edifício conhecido como "A Reforma". No local onde seria construído o Antigo Teatro Municipal, existia um antigo galpão que era o prédio do Mercado Público. Os dias de feira eram as quartas e os domingos.
Procurando um melhor local para a acomodação do mercado público, o então prefeito Dr. Joaquim Carneiro Nobre de Lacerda adquiriu, em 13 de agosto de 1902, um terreno de 150 palmos de frente no final da Rua Dr. José Marcelino (hoje Praça do Rosário) em regime de aforamento, das proprietárias Maria do Monte Rodrigues Campelo e Maria Damiana Rodrigues Campelo. Existia no local uma pequena lagoa onde havia, inclusive, jacarés. Foi feito um aterro e no dia 7 de setembro do mesmo ano houve o lançamento da 1° Pedra fundamental. Dois anos depois é inaugurado o novo Mercado Público de Jaboatão, em 30 de outubro de 1904.

A imprensa da época assim noticiou a inauguração do edifício:

“Em 30 do mês passado inaugurou-se esse próprio municipal, cuja primeira pedra foi assentada solenemente a 7 de setembro de 1902.

O aspecto exterior desse mercado é um pouco pesado, como convém aos edifícios dessa ordem, mas de estilo arquitetônico muito agradável.”

O PHANAL, 11 de 1904



Com a inauguração do mercado pelo Dr. Nobre de Lacerda, a cidade passou a contar com melhores condições de higiene para a comercialização de seus produtos. A feira foi, então, deslocada para o espaço à frente do mercado até ser transferida, no início da década de 60, para o seu atual local. Em 15 de setembro de 1972, quando o prédio completou 70 anos do lançamento da pedra fundamental, o edifício passou a chamar-se “Palácio Nobre de Lacerda” em homenagem ao seu construtor, quando a partir de então passou a abrigar a Câmara de Vereadores.

A partir da década de 90, o edifício passou a ter vários usos, dentre os quais o de biblioteca pública, sendo conhecido como Casa da Cultura a partir de 1993 e hoje abriga a sede do Conselho Municipal de Cultura. Ao seu lado, existia um belo e típico casarão conhecido como "Senzala" que foi criminosamente destruído, apesar de suas belas linhas e seu estilo eclético. Mais um belo edificio jaboatonense some diante da falta de proteção.

Autor: James Davidson Barboza de Lima.


Fontes: FIGUEIRÔA, Elieser. História da Imprensa de Jaboatão. Recife: CHM, 1983.
VELOSO, Van-Hoeven. Jaboatão dos meus avós. Recife: CEHM, 1978.

sábado, 20 de junho de 2009

Usina Jaboatão - Engenho Suassuna

Por James Davidson


O antigo Engenho Suassuna corresponde, atualmente, a Usina Jaboatão, hoje desativada e em estado completo de abandono e em ruínas. A história da localidade é muito antiga, tendo origem na sesmaria de Gaspar Alves Purgas, cedida em meados do século XVI, e desmembrada em várias partes que deram origem aos engenhos São João Batista, Palmeiras e Suassuna. O Engenho Suassuna foi fundado, então, pelos irmãos Diogo Soares e Fernão Soares, cristão-novos, no ano de 1573, data da compra da parte da sesmaria. O nome Suassuna significa veado preto e este nome foi dado por causa do Riacho Suassuna que corta o local.


O Engenho foi fundado com a denominação de N.S da Apresentação e moeu pela 1° vez em 1584. Destaca-se por ter sido palco de diversas denunciações e confissões de Pernambuco, durante a visitação do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição), entre 1593 e 1595, onde se pode constatar a perseguição a judeus e evangélicos, inclusive aos próprios donos do engenho. É interessante encontrar nos relatos a grande intolerâcia existente na época, quando alguém poderia ser denunciado simplismente por faltar a missa ou por não crer em imagens, por exemplo.




O Engenho Suassuna foi invadido pelos holandeses em um dos seus assaltos à Muribeca, quando pertencia então, a João de Barros Correia. Durante o século XVIII, pertencia a família Cavalcanti de Albuquerque, com destaque para o legendário Coronel Suassuna. Este era uma das figuras de destaque da época e que reunia em seu engenho alguns dos intelectuais que participaram da chamada "Conspiração dos Suassuna", de 1801. Daí a origem da chamada "Academia Suassuna" que defendia a implantação de idéias liberais no Brasil e que influenciou movimentos libertários como a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador.


O Engenho Suassuna recebeu, em meados do século XIX, o missionário evangélico americano Daniel Kidder. Este aportou no Brasil com o intuito de pregar o evangelho e distribuir bíblias num país onde a sua leitura era proibida aos leigos. O engenho era, segundo ele, uma grande propriedade com cerca de 100 escravos que pertencia ao Barão e depois Visconde de Suassuna. A senzala ficava à esquerda da atual casa-grande, onde hoje há uma fileira de casas.


Pertenceu posteriormente aos Barões de Muribeca e do Limoeiro. Em 1889, o engenho é adquirido pelo governo que funda a Colônia Suassuna, a 1° tentativa de reforma agrária de Pernambuco. A propriedade foi dividida em lotes que foram distribuídos entre nacionais e estrangeiros, sob certas condições. É daí a origem de alguns bairros com a denominação de "lote" em Jaboatão Centro.


Contudo, o empreendimento não deu certo porque o Estado não conseguiu manter a colônia. Então, esta foi vendida a Companhia Progresso Colonial que instalou uma Usina no local. Esta usina passou a chamar-se, posteriormente, Usina Jaboatão e foi desativada em 1996 por problemas relacionados a dívidas da empresa. Hoje, o antigo Engenho Suassuna encontra-se em ruínas e sua secular casa-grande, datada de 1790, foi saqueada e arruinada por vândalos. É a mais antiga casa de engenho do município que ainda se encontra em pé e um típico representante dos solares rurais de Pernambuco do século XVIII, onde funcionou a tão importante Academia Suassuna! Mais um local histórico de Jaboatão que se encontra esquecido e abandonado!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Hino de Jaboatão dos Guararapes

Letra: Benedito Cunha Melo
Música: Nina de Oliveira

Jaboatão nos Verdes Vivos
Dos teus altivos canaviais
Há sempre rindo uma esperança
Até na dança dos matagais!
É uma esperança que nunca finda
E que se alinda de inspiração
Ver-te sem guerra
Terra dos altos
A linda terra da promisão!

Eu amo o teu cruzeiro
Teu sol que é mais brasileiro
Teus altos que a gente vence
Até sem ser jaboatonense!
Eu amo teu céu profundo
Maior que já vi no mundo
E no meu sonho ideal
Quero mais a ti! Oh terra natal!

sábado, 16 de maio de 2009

Engenho Palmeiras

Por James Davidson


Localizado próximo a Colônia dos Padres Salesianos e ao Engenho Macujé, o Engenho Palmeiras é outro dos mais antigos engenhos pernambucanos e jaboatonenses. Fundado por Fernão Vassalo, em parte da sesmaria de Gaspar Alves Purgas em 1601, era chamado inicialmente de Engenho Santa Cruz. Foi vendido a Felipe Diniz, em 1616, e ficou arruinado durante a invasão holandesa, sendo também chamado de Engenho Mangaré.



O Engenho é localizado no local conhecido como Sítio das Palmeiras, onde há umas palmeiras imperiais. É cortado pelo Riacho Palmeiras, afluente principal do Riacho Suassuna e que nasce no Engenho Pedra Lavrada. Daí a mudança de nome para Engenho Palmeiras.


Em 1857 o engenho pertencia a João Coelho da Silva e, posteriormente, passou a ser fornecedor de cana para a Usina Jaboatão. Hoje é fornecedor para a Usina Bulhões. No local, ainda existem alguns edifícios antigos do engenho como a capela, o barracão (armazém), datados de 1957, uma escola municipal (Odaléa Lemos), vila dos moradores, etc. Porém, o mais interessante é um antigo arqueduto que era usado para retirar água do Riacho Palmeiras, uma cachoeira no mesmo riacho e um antigo arruado com casas alinhadas e com apenas uma porta que, tudo indica, foi a senzala do engenho. A antiga casa-grande não mais existe, havendo uma outra casa mais recente no local.




O Engenho Palmeiras é um dos outros locais interessantes e pouco conhecidos do nosso querido Jaboatão dos Guararapes!