Por James Davidson
As terras do Vale do Rio Jaboatão começaram a ser ocupadas a partir da década de 1560, após a expulsão dos índios caetés, os antigos moradores, e com a doação de cartas de sesmarias aos colonos. As sesmarias eram grandes extensões de terras doadas a fidalgos onde eram instaladas fazendas e engenhos de cana-de-açúcar. Os primeiros engenhos da Ribeira do Rio Jaboatão, criados nessas sesmarias, foram os engenhos Santana, Santo André, Suassuna, Guararapes, Megaype de Baixo, São João Batista, Camassari, Novo da Muribeca, Penanduba, São Bartolomeu, NS da Guia, Palmeiras, Secupema, Gurjaú-de-Cima, Gurjaú-de-Baixo, N.S da Apresentação (Moreno), N.S da Conceição (Catende), Carnijó, Muribeca, Santa Maria e D'Alinbero (Megaype de Cima). Todos esses engenhos surgiram ainda no século XVI e XVII.
Entre os colonos portugueses que instalaram engenhos em Jaboatão, havia alguns cristãos novos, judeus forçados a conversão ao catolicismo e que eram perseguidos por seguirem as tradições hebraicas. No livro "Denunciaões e confissões de Pernambuco", que fala da visita do tribunal da Inquisição a Pernambuco entre os anos de 1593 e 1595, são encontrados inúmeros casos de denúncias contra judeus, protestantes (evangélicos) e outros grupos discriminados.
Entre os engenhos onde se constata a presença judaica em Jaboatão, nessa época, destacam-se os engenhos Suassuna, Penanduba, São Bartolomeu, Camassari e Guararapes.
Engenho Guararapes: Foi fundado antes da invasão holandesa e fica situado próximo onde se encontra o bairro de Muribeca Loteamento, o cemitério velho de Prazeres e os Montes Guararapes. Foi adquirido em 1637 por Vicente Rodrigues Vila Real que derrubou as cruzes e igrejas do engenho e declarou-se judeu, casando-se com a cristão-nova Izabel de Mesquita. Morreu em 1642, passando o engenho a seu irmão, também judeu, Simão Rodrigues Vila Real.
Engenho Suassuna: Originado da sesmaria de Gaspar Alves Purgas, foram seus primeiros proprietários os irmãos cristãos-novos Diogo Soares e Fernão Soares. Chamava-se inicialmente N.S da Assunção e moeu pela 1° vez em 1587. Muitas das ocorrências citadas nas denunciações aconteceram neste engenho. Posteriormente é vendido a outras pessoas e atualmente encontra-se em ruínas, pois corresponde a Antiga Usina Jaboatão, hoje desativada.
Engenho São Bartolomeu: Pertenceu a Fernão do Vale. Ver mais detalhes na postagem sobre o mesmo.
Engenho Camassari: Situava-se ás margens do Rio Duas Unas e foi um dos engenhos mais antigos. Foi encontrado em ruínas pelos holandeses que venderam-no a Duarte Saraiva, em 1638. Este também era judeu e senhor do Engenho Velho de Beberibe. Encontra-se hoje inundado pela represa de Duas Unas.
Engenho Penanduba: Pertenceu durante o período holandês a Fernão Soares, cristão-novo e possivelmente filho do outro Fernão Soares de Suassuna. Este foi acusado de judaísmo por vários confessores durante a visita do Santo Ofício. Pertencente a freguesia de Muribeca, possui ainda hoje a casa-grande em ruínas.
9 comentários:
Antes de Tudo quero parabeniza-lo pelo Blog tão imformativo, sempre acompanho as matérias escritas pelo sr.
Também fico feliz em sua dedicação na divugação da história tão rica de nosso Jaboatão.
Gostaria de saber se o senhor se tem alguma informação sobre o Engenho Comportas, acredito que tenha dismembrado-se das terras do Eng. S. Bartolomeu.
Abrços
Gostaria de parabeniza-lo pelo artigo, meu nome é Marcelo Henrique sou estudante de turismo do Instituto Federal de Pernambuco, e faço parte do Laboratório de Patrimonio Cultural, do departamento de antropologia da UFPE.Fiquei muito interessado pelo artigo " Os engenhos judaicos de Jaboatão" e minha cabeça já está fervendo de idéias , de possiveis projetos e artigos, gostaria muito de entrar em contato com o senhor e de estreitar relações com o Instituto Histórico de Jaboatão que me pareçe que o senhor e membro se não me engane, no mas aqui está meu e-mail : silva.marcelohg@gmail.com
estou muito feliz por pelo menos existir algo que fale coisas boas de nossa cidade,os propios jaboatonences só dão enfaze ou que não presta em jaboatão,esquecendo -se que todo lugar tem seu lado bom e ruim.não é?
eu no sabia que existia coisas tão b elas aqui.
-Raissa Iris(estudante do colegio Augusto Severo)
Meu nome é Wilson Pimentel Filho, TENHO 63a, sou médico e moro em São Paulo. Meu avô por parte de mãe foi Arnaldo Xavier Carneiro de Albuquerque, casado com Amanda Campos de Albuquerque (prima carnal do bisavô do atual governador Eduardo A. Campos ou seja, dois irmãos casados de maneira cruzada, Pai Campos com sua esposa Carneiro de Albuquerque e Pai Carneiro de Albuquerque com sua esposa Campos. Meus avós eram donos do Engenho Palmeiras em Jaboatão onde minha mãe nasceu, Amanda Carneiro de Albuquerque Pimentel(do meu pai.
Gostaria, se possível, saber mais detalhes a respeito do Engenho Palmeiras nos dois último séculos.
Meu e-mail: wilpm@uol.com.br
Que maravilhoso este artigo!
Sou brasileiro-judeu e atualmente vivo em Israel. Tenho muito interesse neste periodo da historia brasileiro quando chegaram os "imigrantes" cristao-novos. Muito obrigado pelo trabalho.
Bom dia!
Por favor gostaria de obter mais informações sobre o capitão-mor Antonio Pereira da Silva. Ele era o primo que vendeu o engenho Catende ao família Souza Leão?
Obrigada.
Edjane de Lima Soare
janetjpb@gmail.com
Boa tarde!
Gostaria de maiores informações sobre a família Diniz que morava no Engenho Palmeiras, PE. É possível?
Agradeço as informações do blog. Muito bom, mesmo!
Parabéns.
Boa Tarde
Onde posso encontrar informações da família Francisco Antônio Brandão Cavalcanti que foi prefeito de Jaboatão dos Guararapes no período(1922-1926) - Proprietário do Engenho Jangadinha.
Parabéns pelo excelente trabalho de resgate da história de Pernambuco.
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