O bairro de Curcuranas, situado no distrito de Prazeres e às margens da Lagoa Olho D'Água, é um dos locais pitorescos e peculiares de Jaboatão. Sua origem é muito antiga sendo anterior ao período holandês. Seu nome é de origem indígena e significa "lugar alagadiço próximo ao mar". O local era conhecido por esse nome desde tempos remotos, pois em 1537, no Foral de Olinda, Curcuranas já era citada por Duarte Coelho como pertencendo ao patrimônio da Câmara de Olinda.
Durante o período colonial, as Curcuranas eram um lugar muito importante, pois mereceu do holandês Adriaen Verdonk, durante o período da ocupação flamenga, uma bela e particular descrição. Segundo ele, o gado que era criado na região do atual estado das Alagoas era levado para a "invernada" nas Curcuranas onde ele era engordado antes de ser abatido e seguir para Recife e Olinda. Eram mantidas entre 1300 e 1400 cabeças de gado e ainda cabiam mais. Para Verdonk, Curcuranas era "um grande pasto no qual há espaço para mais de 3000 bois e água em abundância". O local seria ainda palco de um dos mais importantes confrontos entre portugueses e holandeses em 1646, na chamada "Batalha das Curcuranas", de onde depois os holandeses partiram para o Engenho São Bartolomeu e levaram ao judeu Fernão do Vale cativo.
Durante o século XIX, Curcuranas destacou-se pela produção de melancias que eram levadas para o Rio de Janeiro, onde caiu no gosto do rei D.João VI e de sua corte. Por isso, enquanto a corte real permaneceu no Brasil, as deliciosas melancias de Curcuranas eram enviadas para saciar a fome do rei de Portugal.
Na década de 70, foi construída pelo então prefeito Geraldo Melo a "estrada da Curcurana" que ligava a Barra das Jangadas ao povoado de Pontezinha. Desde esta época que a localidade vem sofrendo um intenso processo de ocupação que, infelizmente, não veio acompanhado de infra-estrutura básica, o que faz com que hoje Curcuranas seja uma comunidade muito carente. Por isso, assim como diversas outras comunidades no entorno da Lagoa Olho D'água, merece mais atenção do poder público em todas as esferas de governo assim como merece também ter sua história resgatada.
3 comentários:
James,
Conheci seu blog agora, por acaso, chegando pelo google. É que hoje saiu uma notícia no Diario de Pernambuco, sobre a demolição da casa-grande do engenho São Bartolomeu, em Jaboatão.
Indico a leitura das matérias. Os links são esses, copia e cola na URL:
"Patrimônio secular no chão"
http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/04/14/urbana10_0.asp
"Um passado muito rico de histórias"
http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/04/14/urbana10_1.asp
Fica a dica pra, quem sabe, um futuro post aqui no "JG Redescoberto".
Abraço!
André Raboni
Bacharel em história pela UFPE
Redator do blog Acerto de Contas
Um acervo muito importante, seria de grande importância que este relato chegasse ao conhecimento de todos. Infelizmente nem todos, melhor dizendo,lamentávelmente só uma minoria tem acessos a computadores, e a maioria dessa minoria quando tem acesso a eles, passam tempo em orkuts e outros sites de relacionamento, deixando então de ter conhecimento de histórias como esta e outras inúmeras perdidas neste Brasil tão imenso. Seria então interessante que mais alguém, acredito até que os orgãos municipais passassem a distribuir cordéis em mercados, feiras livres e até mesmo em escolas. Enfim a todo o público da região.
James.
Adorei a história de Curcuranas, nem sabia que a palavra tinha um s no fim, quem já andou ali por dentro vai achar lugares lindos acredito que quando as melhorias chegarem realmente por lá, vai se tornar um lugar maravilhoso.
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