segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Geologia de Jaboatão dos Guararapes

Por James Davidson



O meio físico é um dos mais importantes componentes do espaço geográfico. Clima, solos, vegetação, hidrografia, relevo, entre outros, são aspectos fundamentais para a análise e compreensão de todo e qualquer ecossitema e estão em constante interação com os elementos antrópicos. E um desses aspectos mais relevantes é a geologia de um determinado espaço.



A compreensão da geologia do município de Jaboatão dos Guararapes é bastante pertinente para a análise e planejamento da ocupação do espaço municipal. Os tipos de rochas que predominam nos diversos locais do município influenciam na configuração do relevo, na exploração dos recursos mineriais e até mesmo na utilização dos recursos hídricos. Assim, o desconhecimento destes fatores muitas vezes acaba resultando em problemas ambientais e em riscos para a população.

                                      

A geologia de Jaboatão compreende os três tipos de básicos de rochas: ígneas, sedimentares e metamórficas. As rocha ígneas e metamórficas juntas formam o chamado "embasamento cristalino" que compreende cerca de 75% do território municipal. Essas rochas são responsáveis pelo relevo de colinas e montes que predomima nas partes norte, oeste e sudoeste do município. As metamórficas formam o Complexo Gnássico-Migmatítico que compõe a infra-estrutura regional e é composto basicamente por gnaisses com textura foliada de idade arqueana. Estas rochas predominam em grande parte do município, especialmente no norte, ao longo do Lineamento Pernambuco(grande falha geológica antiga que corta o estado de leste a oeste), no centro e no oeste do município.

                                      

Já as rochas ígneas formam alguns batólitos e stocks inseridos nas áreas de rochas metamórficas. São rochas plutônicas proterozóicas definidas como quartzodioritos, biotita-granitos porfiríticos, leucosienitos e leucomonzonitos (CPRM, 1997). Predominam em regiões como a Serra da Macambira, ponto mais alto do município, em extenso trecho entre Muribeca e Jaboatão Centro e ao redor de Muribeca dos Guararapes. Possuem importância econômica, pois são exploradas pelas pedreiras do município como a Usibrita e a Pedreira Guarany, a primeira próximo à lagoa Azul e a segunda perto do Engenho Megaype.

As rochas metamórficas e ígneas encontram-se muitas vezes fraturadas e falhadas. Estas falhas e fraturas variam desde pequenas estruturas até grandes falhas geológicas como o Lineamento Pernambuco. Além desta, que é uma falha transcorrente paralela à Br 232, existem outras falhas importantes como a Falha Muribeca e a Falha Megaype, entre outras.



As rochas sedimentares  predominam na região oriental do município, especialmente nas mais próximas ao litoral e em boa parte dos limites do município com o Recife. Destaque para as rochas pertencentes á Formação Cabo, conglomerado de rochas relacionado à bacias do tipo Rift e à abertura do Atlântico, bastante abundantes em municípios como Cabo e Ipojuca, mas em Jaboatão presente apenas na comunidade de Comportas.


Uma outra estrutura geológica importante de origem sedimentar no município é a chamada Formação Barreiras. São sedimentos do Terciário que ocupam 5% da área municipal formano morros, morrotes e pequenos tabuleiros dos quais os mais importantes são os Montes Guararapes. São formados por sedimentos areno-argilosos e lateríticos. É importante ressaltar que os morros da Formação Barreiras predominam apenas na região limítrofe com o Recife como nos bairros do Jordão, Ur 11, Ur 6, Dois Carneiros, Loteamento Grande Recife, etc. Os morros e montes que predominam na maior parte do município não pertencem à Formação Barreiras, mas foram desenvolvidos sob o embasamento cristalino.



A Formação Barreiras tem sido explorada sistematicamente para a extração de argila (em Muribeca e ás margens da Br 101) e também têm sido ocupada por moradias. Uma potencialidade desta estrutura é a exploração de poços em reservas e aquíferos subterrâneos, porém esta atividade pode estar comprometida pelas ocupações irregulares.


Há ainda os depósitos quartenários que se distribuem nas regiões mais baixas do município. estes englobam os sedimentos de origem marinha (terraços marinhos e praias), fluvial(nas várzeas e planícies fluviais), lagunar (ao redor da Lagoa do Olho D'água) e de mangues. São compostos principalmente por areias, siltes, argilas e matéria orgânica e distribuem-se principalmente na planície litorânea.

Referências:

CPRM, Atlas do meio físico do município do Jaboatão dos Guararapes. Recife: CPRM, 1997