No último dia 18 de janeiro, o Jaboatão Redescoberto, na pessoa de James Davidson, junto com a Secretaria de Cultura, através da Coordenadora de patrimônio Idalice Laurentino, realizou uma série de pesquisas e descobertas nos engenhos da antiga Freguesia de Muribeca. O intuito era pesquisar os remanescentes de antigos engenhos que tivessem algum potencial histórico e arqueológico na região. A visita superou as expectativas e mostra que Jaboatão dos Guararapes é uma mina inesgotável de histórias e descobertas.
A visita começou no Engenho São Bartolomeu, em Comportas, onde registramos as ruínas da antiga casa-grande que foi demolida imprudentemente no ano passado. A questão ainda está em processo na justiça, mas permanece idefinida.
Seguimos em seguida para o Engenho Megaype de Cima e no caminho tivemos uma grande surpresa. Às margens da estrada, num local onde as canas tinham acabado de ser cortadas, as ruínas do antigo Engenho Megaype de Baixo emergiram na paisagem. Não desperdiçamos a oportunidade e registramos os vestígios daquela que foi considerada a mais bela e antiga casa-grande de engenho do estado de Pernambuco, merecendo ilustrar o livro de Gilberto Freyre Casa-grande e Senzala. Esta casa-grande possuía aspectos que lembram uma fortaleza e foi destruída pelo seu proprietário em 1928, quando soube que o governo queria tombar o edifício. Fato bastante semelhante com o que aconteceu com o Engenho São Bartolomeu, mostrando que quase 100 depois nosso país ainda não aprendeu a valorizar o patrimônio histórico.
Depois visitamos o Engenho Megaype de Cima. Lá ainda existe a casa-grande de engenho, muito bem preservada, que pertence ao ex-prefeito Humberto Barradas. A paisagem fica mais bonita com o açude em frente ao edifício. Também registramos a capela do engenho, em estado de ruínas, próximo ao arruado dos moradores.
Prosseguimos nossa expedição indo mais ao sul e chegamos ao Engenho Caiongo. Almoçamos num restaurante e fotografamos a casa-grande do engenho, muito modesta por sinal e bastante recente, datada da década de 1940. Este engenho também era conhecido como São José das Minas e foi desmembrado do Engenho Santo Estêvão. Diferente do que os moradores pensam, o engenho pertence ao município de Jaboatão, e não ao Cabo de Santo Agostinho.
Após seguirmos por Muribeca dos Guararapes, seguimos em direção ao Engenho Novo da Muribeca. E o melhor realmente estava guardado para o final. Depois de obtermos a autorização necessária para entrar no local, pudemos visitar um dos mais importantes patrimônios históricos do município: a casa-grande do Engenho Novo. Mas por que ela é tão importante? Porque foi nela que o Dr. Antônio de Moraes e Silva, no ano de 1802, escreveu a 2° edição do 1° Dicionário de língua portuguesa escrita no Brasil, incluindo verbetes brasileiras(palavras de origem indígena e africana), e a Epítame da Gramática Portuguesa. A casa ainda subsiste no local, apesar de estar abandonada e em ruínas. Destaca-se também pela beleza de sua arquitetura e ainda existem as ruínas da antiga fábrica do engenho, às margens do Rio Jaboatão.
Para concluir: Jaboatão dos Guararapes tem ainda muito para ser explorado e descoberto pelos seus próprios habitantes!