segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cidade de Moreno

Por James Davidson




A cidade de Moreno possui muitos lugares interessantes e de valor histórico. Um simples passeio pelo centro pode revelar uma riqueza de informações e de histórias que um olhar desatento não consegue perceber. Vários pequenos roteiros podem ser feitos. Então vamos lá!


Nosso passeio começa pelo ponto onde a cidade nasceu: o Engenho Catende. O Engenho Catende era o antigo Engenho Nossa Senhora da Conceição que aparece nos documentos do período holandês. Situado às margens do Rio Jaboatão, também aparece na cartografia holandesa com esse nome, nos mapas de Vingboons e Marcgraf. É, portanto, um dos engenhos mais antigos do município. Sua casa-grande centenária, apesar de menos opulenta e conhecida que a do Engenho Morenos, ainda encontra-se preservada, sendo conhecida pela população como o "Casarão". Chegou a ficar abandonada por um tempo mas foi restaurada pela prefeitura que a utiliza hoje para eventos.


Um pouco mais adiante, na avenida, encontra-se a Matriz de Nossa Senhora Conceição. Apesar de muito bonita e vistosa, ela não é muito antiga pois foi construída em 1930. Perto dela, onde hoje encotra-se o Colégio Dom Jaime, existia um templo mais antigo - A Igreja de São Sebatião, que tinha sido erguida em 1745, pelo capitão de ordenanças Domingos Bezerra Cavalcanti, e foi destruída em 1973. A matriz hoje conta com uma gruta e um jardim.


Em frente à matriz, encontra-se a fábrica fechada do Cotonifício Moreno. Esta fábrica foi fundada em 1910, com o nome de Societè Cotonniere Belge-brasiliense, por empresários belgas e foi de extrema importância para o desenvolvimento da cidade. Como na época Catende era apenas um engenho, foi o Cotonifício que foi responsável pelo crescimento populacional e econômico da localidade pois empregou muita gente, inclusive trazendo operários de Paulista e de Camaragibe. Hoje, apesar de fechada, conserva boa parte de sua estrutura.


A Vila Operária do Cotonifício Moreno é outro ponto histórico. Situada nas ruas que ficam atrás do Cotonifício, caracteriza-se por ser um conjunto de casas conjugadas que foram construídas para abrigar as famílias dos operários da fábrica. De construção contemporânea ao Cotonifício, é uma das vilas operárias mais bem conservadas do estado de Pernambuco, mesmo sem ser tombada, apesar de já existirem algumas casas descaracterizadas.


Descendo novamente para avenida, encontramos outros pontos de destaque. O prédio da prefeitura foi construído após a emancipação politica de 1928. Notar a semelhança com o antigo Teatro Municipal de Jaboatão, erguido em 1911.


O prédio do antigo cinema de Moreno só funciona o primeiro pavimento. Os outros estão em ruína. Mais adiante, o Mercado Público Municipal, construído em 1922, quando a cidade ainda era distrito de Jaboatão.




A Estação Ferrroviária de Moreno é outro edifício que se destaca. Construída em 1885 pela Great Western, fazia parte da Linha de Ferro Central de Pernambuco que ligava o Recife ao interior. É um importante marco histórico do município, pois foi responsável por facilitar o transporte de produtos e mercadorias, contribuindo também para a implantação do Cotonifício, que tanto desenvolveu a cidade. Apesar de sua grande importancia, o prédio encontra-se abandonado, embora em melhores condições que outras estações igualmente abandonadas, como a de Jaboatão. Assim como o Engenho Morenos, é um dos únicos bens em processo de tombamento pela FUNDARPE dentro do município.




Para finalizar: a Cidade de Moreno também tem muita história pra contar!

Um comentário:

Apelido disponível: Sala Fério disse...

Minha avó Sofia (já falecida) contava que trabalhou quando era adolescente em uma fábrica de filó em Morenos/PE, pertencente à Societé Cotonnière du Nordest du Brésil. Ela era de família numerosa, proveniente do interior do Ceará, deve ter se mudado pra Pernambuco por causa de uma das grandes secas relatadas em romances famosos. Deve ter morado com a família em uma dessas vilas, até se casar com meu avô, que era mascate. Mais tarde migraram para o sudeste.