domingo, 16 de outubro de 2011

O Fundador de Jaboatão

Por James Davidson


A TV Jaboatão foi uma iniciativa inédita da atual gestão que tem contribuído na divulgação de vídeos sobre nossa cidade. Contudo, não podemos deixar passar em branco o erro lamentável sobre a história de Jaboatão dos Guararapes cometido pelo historiador Leonardo Dantas neste vídeo. Não tenho jamais a pretensão de tirar o mérito do historiador e estou longe de negar seu prestígio e reconhecimento, mas temos que admitir que ele errou num detalhe que parece insignificante, mas deveras crucial - Quem fundou Jaboatão?

Segundo o historiador Pereira da Costa em seus Anais Pernambucanos - Vl 1, no ano de 1566, o então donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Colho de Albuquerque, concede a Gaspar Alves Purgas uma sesmaria de uma légua de terras situadas na Ribeira do Jaboatão. As terras foram demarcadas em 1575, e nelas levantado o Engenho São João Batista que foi vendido a Pedro Dias da Fonseca, no ano de 1584.  Pedro Dias da Fonseca vende o engenho a Bento Luís de Figueirôa e a sua esposa, D. Maria Feijó, na data de 4 de maio de 1593.

Ainda segundo palavras de Pereira da Costa: "Já em tempos de Bento Luís de Figueirôa, nos últimos anos do século XVII, começaram a afluir para as suas terras várias pessoas com o intuito de levantar casas de moradia na parte situada entre os rios Jaboatão e Una, e na confluência deste com aquele, e concedendo ele o necessário terreno para semelhante fim, a título de aforamento perpétuo, surgindo dentro de poucos anos uma aprazível povoação, que tal incremento teve, que em 1598 recebia os foros de paróquia sob o orago de Santo Amaro, de cuja igreja matriz fora ainda ele o fundador."

Ainda diz: "Eis aí a origem da bela, aprazível e atual cidade de Jaboatão..."

Já na primeira década do século XVII, Antônio de Bulhões casa com D. Maria Feijó, a filha de Bento Luís de Figueirôa, recebendo como dote nupcial o Engenho São João Batista, que passa agora a se chamar Bulhões. Vejamos então a ordem dos primeiros proprietários do Engenho Bulhões ou São João Batista:

1°- Gaspar Alves Purgas: 1566-1584
2°- Pedro Dias da Fonseca: 1584-1593
3°- Bento Luís de Figueirôa e D.Maria Feijó: 1593-1609
4°- Antônio de Bulhões: 1609-1648

A cidade de Jaboatão foi fundada em 4 de maio de 1593, na época de Bento Luís de Figueirôa. Portanto, percebemos claramente que o fundador de Jaboatão não é outro senão Bento Luís de Figueirôa, e não Antônio de Bulhões como colocou o historiador. Também foi Bento Luís de Figueirôa quem levantou a Igreja de Santo Amaro e não o seu genro. Estas mesmas informações podem ser conferidas tanto em Pereira da Costa como em outros autores que falam de Jaboatão e de Pernambuco, como Sebastião Galvão, por exemplo.

D. Maria Feijó foi a única filha de Bento Luís de Figueirôa e, como pode ser constatado nos documentos, os  filhos desta receberam o sobrenome Bulhões. Portanto, os descendentes dos fundadores de Jaboatão possuem o sobrenome Bulhões e não Figueirôa, como às veze se credita. Daí talvez a origem do erro do historiador.

Apesar de sua importância para a cidade, Bento Luís de Figueirôa não possui nada em sua homenagem neste município. É uma pena que isto aconteça com uma figura tão importante como ele foi em sua época. Porém, este não é o único e nem o primeiro caso de desprezo e falta de reconhecimento com as pessoas que fizeram a história em Jaboatão dos Guararapes.

Onde o Brasil aprendeu a Liberdade

Onde o Brasil aprendeu a liberdade




Aprendeu-se a liberdade
Combatendo em Guararapes
Entre flechas e tacapes
Facas, fuzis e canhões
Brasileiros irmanados
Sem senhores, sem senzalas
E a Senhora dos Prazeres
Transformando pedras em balas
Bom Nassau já foi embora
Fez-se a revolução
E a Festa da Pitomba
É a reconstituição.

Jangadas ao mar
Pra buscar lagosta
Pra levar pra festa
Em Jaboatão

Vamos preparar
Lindos Mamulengos
Pra comemorar
A libertação
E lá vem Maracatu
Bumba-meu-boi, vaquejada
Cantorias e fandangos
Maculelê, marujada
Cirandeiro, Cirandeiro
Sua hora é chegada
Vem cantar esta ciranda
Pois a roda está formada
Ó Cirandeiro
Cirandeiro, Cirandeiro Ó
A pedra do teu anel
Brilha mais que o sol!

Este é o samba enredo que empolgou a multidão na passarela da Avenida Rio Branco, na cidade do Rio de Janeiro, cantado em coro pelos integrantes da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. Composto por Martinho da Vila, em 1972, a letra é em uma linda homenagem a Festa da Pitomba, que acontece anualmente nos Montes Guararapes, em agradecimento pela vitória contra os holandeses nas duas Batalhas dos Guararapes. Martinho da Vila recebeu nesse ano o título de Cidadão Jaboatonense pela sua bela composição.