Por James Davidson
O prédio onde funciona a atual biblioteca de Jaboatão (e diga-se de passagem a única biblioteca municipal de Jaboatão) é um dos prédios históricos mais interessantes da cidade. Localizado na Rua Marilita Martins, próximo à estação do metrô, destaca-se por sua beleza e por seu estilo peculiar, bastante distinto dos edifícios do entorno. Por isso, é considerada um dos belos prédios históricos de Jaboatão.
Sua história começa na segunda metade do século XIX. O Barão de Limoeiro, proprietário do Engenho Penanduba, constrói a casa e a dá como dote de casamento da sua filha, que casou com o Dr. Levino de Queiroz Lima. O edifício passou, posteriormente ,a pertencer ao Sr. Bernardino de Sena Pontual e em seguida ao Sr. Alcides Bandeira. Este era casado com a Srª. Marilita Bandeira que, após enviuvar-se, casou com o Sr. Antonio Geraldo Martins de Albuquerque. Daí, o prédio ser conhecido como Casa de "Marilita Martins".
O bairro onde fica a casa hoje faz parte do Centro de Jaboatão, mas antigamente era conhecido como "Nossa senhora do Líbano" e fica no encontro do Rio Duas Unas com o Rio Jaboatão. A casa passou a pertencer à Igreja Congregacional, e, posteriormente, foi adquirida pela prefeitura. Foi transformada, então, na década de 70, de Casa da Cultura e depois teve diversas funções como Secretaria de Turismo, Secretaria de Educação e hoje sedia a Biblioteca Pública de Jaboatão - Benedito Cunha Melo.
O Instituto Histórico de Jaboatão, durante muito tempo, antes de adquirir sua atual sede própria, também funcionou nesse prédio, em uma pequena sala onde hoje é a sala de informática. É muito importante desmentir um mito que ainda persiste sobre o prédio: o de que ali era a "Antiga Casa dos Prefeitos". O edifício nunca teve essa função e nenhum prefeito residiu ali.
O prédio chama a atenção principalmente pela sua arquitetura, bastante distinta do restante da cidade. Constitui um sobrado com colunas de ferro sustentando os alpendres, o que lhe confere um grande valor pela raridade dessa característica na região. O piso é todo ladrilhado e as portas e janelas possuem vitrais coloridos muito bonitos. Os cunhais, portas e janelas possuem cercaduras dentilhadas, o que lhe é bastante peculiar. Um escada de madeira no interior permite o acesso a uma varanda de onde é possível ter uma bela vista da cidade.
A Antiga Casa de Marilita Martins é um bom exemplo de como um prédio histórico pode ser preservado, embora o mesmo precise de uma reforma. Como houve sempre o interesse em lhe atribuir alguma funcionalidade pública, o prédio passou por várias reformas que adaptaram o uso moderno, mas preservaram suas características originais. Prova que é possível sim usufruir do patrimônio sem destruí-lo ou descaracterizá-lo. Se houvesse o interesse das autoridades competentes, o mesmo poderia ser feito com outros prédios que estão desaparecendo como a Antiga Estação, a Casa de Amélia Brandão e o Casarão do Engenho Suassuna. Afinal de contas, a melhor forma de preservar o patrimônio é destinar-lhe um fim social.