domingo, 22 de janeiro de 2012

Aqui jaz Megaípe de Baixo - A segunda destruição de Megaípe

Por James Davidson


Destruíram Megaípe outra vez! Foi o que constatamos em uma visita realizada na última terça-feira, dia 17 de janeiro, pelos engenhos de Muribeca. Ao chegarmos no local onde ficava a sede do célebre engenho, que possuía a mais antiga casa-grande de engenho de Pernambuco, às margens de uma estrada de barro que dá acesso à Megaype de Cima, próximo à Br 101 Sul, descobrimos que tudo tinha sido escavado por um trator! No local vai funcionar mais uma indústria da Zona de Processamento de Exportação de Jaboatão (ZPE) e, por isso,  nada mais resta do antigo engenho.


A casa-grande do Engenho Megaype de Baixo ganhou destaque por ser uma das mais antigas casas de engenho do Estado de Pernambuco. Não se sabe sua data exata de construção, porém, as hipóteses mais pessimistas a situam como sendo do final do século XVII. Além da antiguidade, outro fator que tornava Megaípe especial era seu estilo arquitetônico, uma verdadeira casa senhorial de engenho com volumetria imponente e duas torres lateriais. Mereceu, por isso, ilustrar o livro Casa-grande & Senzala de Gilberto Freyre e a lamentação de Manuel Bandeira e de Júlio Belo, quando foi dinamitada. Foi destruída em 1928, pelo dono da Usina Bom Jesus, Sr. João Lopes de Siqueira Santos que simplesmente não queria a visitação no local e temeu  (sabe lá o quê) quando soube que o engenho seria tombado pelo estado.

Ruínas de Megaype de Baixo - James Davidson

Em janeiro de 2011, em visita ao local, junto com a Secretaria de Cultura do município de Jaboatão dos Guararapes, (ver matéria: http://jaboataodosguararapes.blogspot.com/2011/01/jaboatao-redescoberto-e-coordenacao-de.html) constatamos que ainda existiam as ruínas do Casarão de Megaype de Baixo. Porém, não imaginávamos que seriamos os últimos a ter algum registro daquele engenho. O local foi destruído agora pela segunda vez sem que fosse feita nenhuma pesquisa arqueológica ali. Se o engenho era do século XVII, as pesquisas poderiam revelar detalhes da vida nesse período através dos resquícios arqueológicos encontrados. Porém, até onde pudemos saber, apesar de sua importância, nenhuma arqueólogo nunca esteve no local.


Muito se discute até que ponto vale a pena "impedir" o  "progresso" para salvaguardar o patrimônio. De forma alguma somos contra as inovações tecnológicas e nem o desenvolvimento econômico do país. Antes lutamos para que haja uma conciliação das atividades econômicas com a preservação do meio ambiente natural e cultural. Se ao menos um resgate arqueológico tivesse sido feito, como obriga a lei antes da execução de grandes obras, a perda em Megaype teria sido menor. Mas, infelizmente, vivemos em uma sociedade onde o lucro imediato, acima de qualquer preço, é mais importante que o meio ambiente ou mesmo que o bem estar social.

Agora só resta de Megaype, além das imagens (ver vídeo acima), um pequeno tijolo salvo por mim em 2011, último resquício daquele que foi a mais famosa casa de engenho de Pernambuco. Fica aqui a crítica aos políticos do nosso município que nada ou pouco fazem para salvar a história e o patrimônio do nosso município.

4 comentários:

maximino disse...

roushOI BOA NOITE JAMES AMIGO VISITEI SEUS BLOG MUITO BOM RESGATANDO O QUE MUITOS DEIXARÃO PARA TRAZ,VOU ADICIONAR SEUS BLOG A NOSSA BLOGSFERA
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Marcelo do Nascimento disse...

Blog EXCELENTE!!!

Cassiano disse...

E a planta da casa-grande existe?

JAMES DAVIDSON disse...

Existe uma planta no livro de Geraldo Gomes Engenho e Arquitetura