quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Jaboatao Redescoberto - O Vídeo

Por James Davidson

Depois de alguns anos meio afastado, retomo agora as atividades dessa página a todo vapor. Mais matérias interessantes sobre Jaboatão serão publicadas aqui com muitas novidades por vir.
Nos últimos 10 anos, porém, tivemos a oportunidade de percorrer diversos recantos do município, registrando os lugares mais bonitos e curiosos, denunciando os problemas existentes e lutando pela preservação do Patrimônio e do Meio Ambiente. Por isso, em homenagem a esse tempo, editei o seguinte vídeo com alguns dos lugares mais interessantes e curiosos do município do Jaboatão dos Guararapes. Obrigado a todos os leitores que acompanham a acompanharam a página durante esse tempo - esse vídeo também é em homenagem a vocês!!! Um forte abraço!!!


terça-feira, 1 de novembro de 2016

O primeiro engenho do Jaboatão

Por James Davidson

Sempre que lemos a história de Jaboatão, especialmente tratando-se dos primeiros engenhos e da fundação de Muribeca, ouve-se falar no Engenho Santo André. Diz a tradição histórica que o Engenho Santo André da Muribeca, levantado por Arnau de holanda, foi o primeiro a ser construído em terras jaboatonenses. Assim diz Pereira da Costa:

"Fevereiro 14 (1568) - Carta de sesmaria passada em Olinda pelo segundo donatário Duarte Coelho de Albuquerque, concedendo a Arnau de Holanda uma data de terra constante de uma légua em quadro, situada em Muribeca, nos limites sul de Jaboatão, mediante o ônus de três porcento sobre o açúcar que fabricasse no engenho a que ficava obrigado a levantar dentro do prazo de três anos da concessão da sesmaria, e de conveniente demarcar suas terras. O concessionário, efetivamente, cumpriu aquela clausula, levantando o Engenho Santo André, assim chamado pela invocação de sua respectiva capela."

Porém, quem andar pelas terras de Muribeca hoje em dia e procurar esse tal engenho Santo André vai ficar pasmado - quase ninguém conhece a existência de um engenho com tal denominação pelas proximidades. Os moradores locais com certeza irão falar dos engenhos Megaype de Cima e de Baixo, Capelinha, Penanduba e outros, mas "Engenho Santo André" quase ninguém conhece.

Por muito tempo pensei que seria impossível encontrar qualquer remanescente da primeira fábrica de engenho jaboatonense. Foi aí que encontrei na internet um artigo do professor José Antônio Gonsalves de Mello intitulado "O Engenho Guararapes e a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres". Nele o autor informa que em meados da década de 1950 chegou a encontrar as ruínas do Engenho Santo André, situadas às margens do Riacho Suassuna, defronte as pedreiras do Engenho Guarany. Cheguei a percorrer varias vezes as margens do referido riacho, desde a usina Jaboatão até o chamado Lote 23, sem sucesso na busca de tais ruínas citadas pelo famoso historiador.


A surpresa foi quando o pesquisador Heraldo Gonsalves, um dos colaboradores deste blog, informou-nos que conhecia as referidas ruínas e sua localização, sem contudo saber sobre o que se tratava. Foi quando então decidimos ir ao local, no ano de 2013, acompanhados do amigo Alexandre Roseno e do professor Carlos Rios. Com ajuda de moradores locais, encontramos as ruínas, justamente às margens do Riacho Suassuna, em área próxima a Lagoa Azul. Tratava-se sem dúvida das ruínas de um engenho, pois encontramos inclusive o espaço onde ficava a roda d'água que movia a fábrica, bem como alicerces, bases e muitas outros resquícios de edificações. 


O local, cercado pelo mato, parecia ter sido abandonado há muito tempo, pois tivemos dificuldades em transitar por ali. A confirmação de que se tratava do Engenho Santo André, além da referência do Riacho Suassuna, veio justamente 1 ano depois quando, consultando as antigas plantas do Arquivo Público Estadual, encontrei um antigo mapa da Freguesia da Muribeca que indicava a localização do Santo André exatamente no local que averiguamos. O mistério de sua localização havia terminado.


Infelizmente, devido a problemas técnicos com a máquina fotográfica, não foi possível evidenciar melhores imagens. Contudo, ter confirmado a existência de ruínas de um Engenho até então só conhecido através de livros foi pra mim muito gratificante. 

domingo, 9 de outubro de 2016

Matriz do Rosário da Muribeca

Por James Davidson


Localizada no Povoado de Muribeca, a Matriz do Rosário foi a primeira igreja da localidade, e também uma das mais antigas do município. Em 1598 já estava elevada à condição de matriz e sede da freguesia da Muribeca, pelo então bispo do Brasil Antônio Barreiros.


Durante o domínio holandês, a igreja foi depredada e ataque pelos invasores que, após incendiarem as casas da localidade, utilizaram o templo como quartel para as suas tropas. Como diz Diogo Lopes Santiago:
"roubaram as igrejas, fazendo de seus ricos ornamentos caparazões de seus cavalos, bebendo pelos cálices sagrados, fazendo em pedaços as imagens de Nossa Senhora e dos Santos que tanto veneramos; derrocaram muitas das nossas igrejas e fizeram de outras estrebarias de cavalos e, dos altares, donde se celebrava o sacrossanto sacrifício da missa, mangedouras; que aonde menos fizeram foi na igreja matriz de Muribeca, a qual tomaram para quartel e, por muito favor, tiraram os moradores as sagradas imagens e, depois, largaram a igreja por muito dinheiro que lhes deram, além de lhes fazerem com dispêndio de sua fazenda quartel aonde estivessem"


A primitiva Matriz do Rosário, porém, consistia numa singela ermida com dimensões bem menores que as atuais. A igreja somente veio adquirir suas presentes proporções no século XVIII. No ano de 1781 o proprietário do Engenho Santo André, Felipe Campelo reconstrói o templo que passou a possuir o tamanho e as características atuais. 



Ao longo dos anos, o templo passou por várias reformas, algumas das quais modificando as características originais. A igreja conta com nave, capela-mor, coro, púlpito, corredores laterais, sacristia, alta-mor e altares laterais. O altares possuem arco pleno e imagens de vários santos católicos, com destaque para Nossa Senhora do Rosário, padroeira do templo, e São Gonçalo, padroeiro da Igreja de São Gonçalo, atualmente em ruínas.


Na fachada Igreja do Rosário da Muribeca ainda se encontram o frontão com curvas e contra-curvas, ladeados por pináculos. As portas e janelas são de madeira emolduradas por cercaduras de pedra. A edificação, de grande volumetria, ganha destaque na rua principal da comunidade e vista de quase todo o redor. Como no passado, ainda é a sede da paróquia e freguesia da Muribeca, que no passado chegou a abranger mais de 20 capelas filiais.



A Matriz do Rosário da Muribeca está inserida no perímetro tombado do Povoado de Muribeca dos Guararapes. Por isso é protegida como bem cultural do Estado de Pernambuco e também do município do Jaboatão dos Guararapes, devendo ser por isso preservada tanto pelo poder público como pelos moradores e demais cidadães jaboatonenses.


segunda-feira, 25 de julho de 2016

Estação Jaboatão: 130 anos de História em abandono!

Por James Davidson


Quem chega a Jaboatão pelo metrô dá logo de cara com um marco histórico abandonado: a Estação Ferroviária de Jaboatão. Inaugurada em 25 de março de 1885, a Estação Jaboatão fazia parte da Estrada de Ferro Central de Pernambuco, uma das principais artérias ferroviárias do estado, com a finalidade de ligar o Recife com o interior. Sua construção é obra de nacionais, mas depois passou a ser administrada pelos ingleses da antiga Great Western, empresa concessionaria da ferrovia.



Encontramos no jornal Diário de Pernambuco, datado de 27 de março de 1885, a seguinte matéria (a qual publicamos somente alguns trechos):
"Ferro-via do Recife à Caruaru: Conforme fôra annunciado, da estação do Recife partiram os trens inaugurais às 9 e 11 horas da manhã e 1 hora da tarde, indo no primeiro o Exm. Sr. Presidente da Província, o Dr. Chefe de Polícia, alguns deputados provinciais, os representantes da imprensa e muitas outras pessoas gradas, além de umas vinte senhoras distinctas da nossa sociedade."
"Com excepção do último trem, que, por causa de um pequeno desarranjo na machina, chegou ao término com um atraso de 1 hora e 15 minutos, os demais fizeram o trajecto até Jaboatão sem o menor inconveniente, gastando apenas 32 minutos, e sendo todos alli, bem como na estação intermediaria de Tejipió, recebidos com as vivas demonstrações de júbilo com que no Recife foram saudadas as suas partidas. Foguetes, musicas, flores, arcos de folhagens e bandeiras nas locomotivas, nada faltou, nem mesmo as acclamações da multidão, em toda a viagem, para complemento dessa bonita festa, que poz em relevo os meritos de quantos a prepararam com um esforço e dedicação credoras de sinceros encomios e applausos."
"Logo que o primeiro trem chegou á Jaboatão, foram dalli passados diversos telegrammas de congratulações pelo auspicioso acontecimento; e em seguida foram os convidados da festa para a casa da Câmara Municipal, onde se achava preparada uma mesa, em forma de ferradura, para 80 talheres, sendo servido um profuso e delicado almoço, em cujo curso reinaram a maior harmonia e a maior cordialidade."
"Em seguida, os convidados da festa foram percorrer a cidade de Jaboatão, a ver a feira, que tem lugar às quartas feiras; voltando em pós para a estação, onde, ao som de uma banda de musica, foram dansadas algumas quadrilhas."




Vê-se pela notícia quão grande acontecimento social foi para a época a inauguração da Estação Jaboatão. E não era para menos. A chegada da Estação foi um marco, um divisor de águas para a história da cidade. Se antes dela Jaboatão não passava de um pequeno povoado, sem indústrias ou mesmo nenhum prédio significativo, além das igrejas seculares, com a ferrovia Jaboatão passou a atrair maior número de pessoas.  Além disso, a presença da Estação atraiu para a cidade, anos mais tarde, a implantação das Oficinas de trens e vagões da Great Western, o principal centro de reparos e consertos de trens do Nordeste, fazendo de Jaboatão a principal cidade ferroviária da região. A estação e as oficinas foram o motor do desenvolvimento da cidade, gerando centenas de empregos diretos indiretos e trazendo o progresso econômico para a localidade por mais de meio século.

Apesar da importância histórica para a cidade de Jaboatão, o edifício encontra-se abandonado há mais de uma década. Mesmo a proximidade do metrô e do terminal rodoviário ali existentes não foram suficientes para levar o poder público a tomar uma atitude. O local poderia ser muito bem aproveitado, por sua localização estratégica, para vários fins - Museu da Cidade, Museu Ferroviário, etc. Contudo, parece ser mais oportuno aos poderes públicos deixar 130 anos de história se acabar...


                                  

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Lançamento da Cartilha "Preservação da Nossa História" - Educação Patrimonial em Jaboatão dos Guararapes

Por James Davidson


No último dia 27 de abril tive a oportunidade de lançar, junto com Idalice Laurentino e com Severino Ribeiro, a Cartilha "Preservação da Nossa História". Este trabalho foi fruto de três anos de indas e vindas, mas graças a Deus e ao esforço da equipe e da Secretaria de Cultura e Patrimônio do município do Jaboatão dos Guararapes o projeto foi executado. A Cartilha é toda ilustrada e conta a história do Jaboatão dos Guararapes através de um Roteiro Pedagógico por todas as regionais do município, realizado por uma professora e seus alunos. Dessa maneira, um pouco da história de cada localidade e contada e a cartilha desperta o interesse para a preservação do Patrimônio Histórico e o Resgate da Identidade e da Memória Local.
Fizemos inicialmente um lançamento privativo aos professores de história da Rede Municipal de Ensino, ocorrido na Casa da Cultura do Jaboatão, Antigo Mercado Público Municipal. Todavia, estamos organizando vários encontros para serem realizados em outras ocasiões, inclusive em outras regionais e distritos da cidade e com um público mais amplo. Agradece especialmente às pessoas de Isaac Luna, grande incentivador desse trabalho, e aos companheiros na elaboração Idalice Laurentino e Severino Ribeiro, sem os quais nada teria sido possível. Agradecemos também a André Guilherme, da Casa da Cultura e à Banda da Escola Municipal Humberto Barrados que se fez presente na ocasião. Em breve mais informações sobre os próximos lançamentos! Vejam as fotos:















domingo, 21 de fevereiro de 2016

Retomada das Atividades do Blog

Prezados leitores a admiradores do Blog Jaboatão dos Guararapes Redescoberto

Saudações

Há quase 10 anos atrás tive a iniciativa de criar uma página virtual que tinha como finalidade principal divulgar os valores desconhecidos e as preciosidades encobertas do nosso querido município do Jaboatão dos Guararapes. O Blog Jaboatão dos Guararapes Redescoberto foi um dos primeiros blogs sobre nossa cidade, inspirando inclusive a criação de muitos outros com temáticas parecidas em nosso município e, também, com a mesma temática em outros municípios do Brasil todo. Foi um trabalho maravilhoso de resgate da autoestima jaboatonense através de postagens sobre os mais variados fatos de nossa história, de lugares escondidos e curiosos, sobre o nosso rico e valioso patrimônio histórico e natural, não ignorando também os problemas políticos, ambientais e sociais de nosso lugar. A contribuição desta página para a sociedade jaboatonense, modéstia à parte, acredito ser indiscutível, embora meu trabalho tenha sido na maioria das vezes ignorado pelos poderes públicos do município, tendo recebido poucas vezes a merecida atenção e o reconhecimento pelo mesmo. Todavia, como nunca fiz isto em busca de promoção pessoal, nem política, pois inicialmente meus objetivos sempre foram mais científicos e sociais que monetários, continuei mesmo assim na jornada de alimentar este blog, apesar das críticas destrutivas que recebi de alguns e das dificuldades mais variadas que se puseram ao meu caminho.
Porém, a maior das dificuldades que enfrentei em manter este blog não sobrevieram do contexto político local, como alguns julgam injustamente, mas sim por dificuldades na minha vida pessoal e particular. Comprometi minha saúde de forma significativa, inicialmente correndo atrás de um sonho de formalizar minhas pesquisas espontâneas com a vida acadêmica, na ingenuidade de acreditar que a universidade fosse um espaço aberto às descobertas e novos horizontes. Ingressei no mestrado em Arqueologia em 2012, após uma tentativa frustrada anterior por motivos que não cabem aqui relatar, mas que foram de sobremaneira injustos. Investir o todo o meu tempo disponível, o pouco meus recursos e de minhas energias em prol do mestrado para ter, infelizmente, meu esforço desprezado e desvalorizado por pessoas que ostentam o título de doutores, mas que não são dignas disso, por não terem o caráter e a imparcialidade necessárias para serem cientistas. Descobri infelizmente que a Academia de hoje tornou-se aquilo que um dia pretendeu não ser: dogmática, autoritária, sofista, demagógica, farisaica, inquisitória, mais semelhante à Igreja Católica Medieval que de fato à um espaço democrático de inovação e de pesquisa. Assim, tive que infelizmente abandonar o mestrado e comprometendo, com isso, boa parte das pesquisas que alimentavam esta página.
Posteriormente, tive que dividir minhas atenções com o município do Moreno, ao qual estou vinculado desde 2010 como funcionário público e professor, contribuindo para esse município, tanto com a criação de um blog semelhante para o mesmo: o Blog Moreno Redescoberto, tanto com a criação de uma apostila sobre a geografia do mesmo, tendo sido distribuída entre os diretores do município. À essa época, tinha sido convidado pelo então secretário de Educação Alilton Gomes para desempenhar a função de Coordenador de Geografia na Secretaria de Educação do Moreno, onde, ocupando cargo não comissionado, mas previsto no Estatuto do Magistério local, desempenhei minhas funções com dedicação e com o orgulho de fazer o melhor para o município, independente da situação política do mesmo, tendo a consciência limpa de não ter prejudicado à ninguém durante o tempo em que ali estive. Participei da elaboração das duas Conferências Municipais de Educação (2013 e 2015) e do Plano Municipal de Educação, sendo este último elaborado com muita dedicação e com a plena consciência de sua idoneidade, legalidade e total respeito ao que foi decidido na conferência aberta à população.
Participei da fundação de duas Academias de Letras: a ALJG (Academia de Letras do Jaboatão dos Guararapes) e AMLA ( Academia de Letras e Artes do Moreno), publiquei meu livro Memórias Destruídas após muitos empecilhos e dificuldades, e ainda iniciei a elaboração de vários outros trabalhos que, infelizmente, continuam incompletos, como um Livro sobre Muribeca dos Guararapes, um livro sobre o Patrimônio Histórico do Jaboatão e um livro sobre o município do Moreno. Todavia, apesar de meus esforços e valiosos trabalhos, sofri várias injustiças no último ano de 2015 e fui acometido por isso por um sério transtorno de ansiedade que resultou em várias idas e vindas aos hospitais, acompanhado de várias crises de cefaleias e enfado, o que prejudicou o meu desempenho em todas as minhas atividades no final do ano passado. Contudo, após três anos consecutivos, tive finalmente o direito de gozar de férias completas no mês de janeiro deste novo ano, acreditando assim ter recebido o merecido repouso depois de tantas atividades e realizações.
Por isso, venho aqui justificar que, até então ,não vinha sendo possível alimentar o blog da maneira que ele merecia ser atendido, tendo paralisado as minhas atividades por um tempo. Porém, venho hoje retomar as atividades do mesmo com esta postagens, esperando assim com a Graça do SENHOR continuar esse valioso trabalho que é valorizar a Memória e a Cultura de todo o Vale do Rio Jaboatão. Agradeço a compreensão de todos e conto com vossas orações.
 
James Davidson