Sempre que lemos a história de Jaboatão, especialmente tratando-se dos primeiros engenhos e da fundação de Muribeca, ouve-se falar no Engenho Santo André. Diz a tradição histórica que o Engenho Santo André da Muribeca, levantado por Arnau de holanda, foi o primeiro a ser construído em terras jaboatonenses. Assim diz Pereira da Costa:
"Fevereiro 14 (1568) - Carta de sesmaria passada em Olinda pelo segundo donatário Duarte Coelho de Albuquerque, concedendo a Arnau de Holanda uma data de terra constante de uma légua em quadro, situada em Muribeca, nos limites sul de Jaboatão, mediante o ônus de três porcento sobre o açúcar que fabricasse no engenho a que ficava obrigado a levantar dentro do prazo de três anos da concessão da sesmaria, e de conveniente demarcar suas terras. O concessionário, efetivamente, cumpriu aquela clausula, levantando o Engenho Santo André, assim chamado pela invocação de sua respectiva capela."
Porém, quem andar pelas terras de Muribeca hoje em dia e procurar esse tal engenho Santo André vai ficar pasmado - quase ninguém conhece a existência de um engenho com tal denominação pelas proximidades. Os moradores locais com certeza irão falar dos engenhos Megaype de Cima e de Baixo, Capelinha, Penanduba e outros, mas "Engenho Santo André" quase ninguém conhece.
Por muito tempo pensei que seria impossível encontrar qualquer remanescente da primeira fábrica de engenho jaboatonense. Foi aí que encontrei na internet um artigo do professor José Antônio Gonsalves de Mello intitulado "O Engenho Guararapes e a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres". Nele o autor informa que em meados da década de 1950 chegou a encontrar as ruínas do Engenho Santo André, situadas às margens do Riacho Suassuna, defronte as pedreiras do Engenho Guarany. Cheguei a percorrer varias vezes as margens do referido riacho, desde a usina Jaboatão até o chamado Lote 23, sem sucesso na busca de tais ruínas citadas pelo famoso historiador.
A surpresa foi quando o pesquisador Heraldo Gonsalves, um dos colaboradores deste blog, informou-nos que conhecia as referidas ruínas e sua localização, sem contudo saber sobre o que se tratava. Foi quando então decidimos ir ao local, no ano de 2013, acompanhados do amigo Alexandre Roseno e do professor Carlos Rios. Com ajuda de moradores locais, encontramos as ruínas, justamente às margens do Riacho Suassuna, em área próxima a Lagoa Azul. Tratava-se sem dúvida das ruínas de um engenho, pois encontramos inclusive o espaço onde ficava a roda d'água que movia a fábrica, bem como alicerces, bases e muitas outros resquícios de edificações.
O local, cercado pelo mato, parecia ter sido abandonado há muito tempo, pois tivemos dificuldades em transitar por ali. A confirmação de que se tratava do Engenho Santo André, além da referência do Riacho Suassuna, veio justamente 1 ano depois quando, consultando as antigas plantas do Arquivo Público Estadual, encontrei um antigo mapa da Freguesia da Muribeca que indicava a localização do Santo André exatamente no local que averiguamos. O mistério de sua localização havia terminado.
Infelizmente, devido a problemas técnicos com a máquina fotográfica, não foi possível evidenciar melhores imagens. Contudo, ter confirmado a existência de ruínas de um Engenho até então só conhecido através de livros foi pra mim muito gratificante.